terça-feira, 4 de junho de 2019

Ourinhos e sua Mostra Sérgio Nunes de Artes Cênicas




"Se a memória se dissolve, o homem se dissolve" - Jefferson Del Rios - 1991


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 Foi com entusiasmo e emoção que tive a honra de participar da Mostra Sérgio Nunes de Artes Cênicas, na qual pude relembrar momentos da minha infância e juventude a 375 km de São Paulo, no sudoeste do estado e divisa com o Paraná, onde fica a encantadora Ourinhos, cidade em que nasci.

Ficaram as lembranças das escolas onde estudei, dos lugares em que vivi e, principalmente, das recordações do  teatro na escola com o professor Granja e do trabalho como atriz com o Grupo teatral Gota, de Oswaldo Noveli, na peça infantil Eu chovo, tu choves, ele chove, de Silvia Ortoff. O aprendizado com o ourinhense Sérgio Nunes se deu na Unesp de Assis, através da peça Circulo de Giz, do dramaturgo alemão Bertold Brecht.










 Ao pesquisar a história da cidade, encontrei o grande crítico de teatro e jornalista Jefferson Del Rios, e cito aqui um trechinho de seu livro sobre Ourinhos, narrado como o enredo de um filme.
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 "Amanhece. É o dia 20 de agosto de 1929. Uma neblina fria espalha-se pelos vales e envolve a pequena cidade que tropeiros e viajantes esperançosos batizaram certa vez de Ourinhos. Algumas ruas sem calçamento, casas rústicas mal alinhadas na perspectiva que se abre para o desconhecido e para a aventura. A Companhia de Terras Norte do Paraná se preparava para plantar a civilização com o seu idealizador primeiro - Jacinto Ferreira de Sá."



Tive o prazer de ouvir o apito de trem e a oportunidade de viajar até a capital, por mais de 10 horas. O percurso era cansativo mas não deixava de ser cheio de encantos e aventuras, através da Ferrovia da cidade - Fepasa - a velha estação de trem, na Estrada de Ferro Sorocabana, construída em 1908 no Vale do Paranapanema.

"Uma locomotiva inglesa apitou longamente, como era o costume, ao entrar pela primeira vez na vila de 'Ourinho'. Os trabalhadores da obra, os técnicos, os vendedores ambulantes e os primeiros moradores se prepararam para a inauguração!"
 Jefferson Del Rios

E agora é de um orgulho enorme ver este conjunto arquitetônico transformado em espaço para cultura através do teatro e do museu, valorizando a história da nossa gente.
                                           Fotos de Sophia Moreira







Quando me apresentei ali, onde tantas histórias marcaram nossa cidade, fiquei refletindo na importância do registro da memória. Emoção maior ao perceber o legado do Diretor Sérgio Nunes, em que artistas e diretores que o conheceram e aprenderam com ele estão hoje transformando o município por meio da arte, como Karina Mori Zimmermann e Valfredo Inforzato Jr
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"Meu amigo, meu mentor... mais uma mostra que leva seu nome irá iniciar hoje. Obrigada por tantos ensinamentos que nos deu para a vida artística e para a vida real! Amo você, Sergio. Muitas saudades!" Karina Mori Zimmermann 



Sophia Moreira e Rogério Moreira





Reunir os artistas em nome do teatro era com certeza a maior realização do nosso eterno diretor.  Ele, que tanto lutou pela arte e pela conquista desse espaço, estaria feliz com todos esses jovens artistas fazendo esta justa homenagem.
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O seu rosto estampado no cartaz de divulgação da Mostra demonstra todo o carinho e gratidão da  população. É a nova geração chegando com projetos e realizações.
É também a maior demonstração do amor a nossa terra, região agrícola e pecuária, com forte influência cafeeira e de plantação de cana-de-açúcar, hoje grande destaque no comércio e desenvolvimento, com novas faculdades e indústrias.
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Há onze anos, a Mostra Sérgio Nunes de Artes Cênicas,hoje sob curadoria de Karina Mori
e Valfredo Inforzato Junior tem como objetivo apresentar o que se faz de melhor em teatro no Brasil.
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Fomos convidados para o evento por meio do espetáculo que idealizei. O monólogo retrata uma grande mulher, que também lutou pelo teatro e pela vida, a escritora e jornalista Patrícia Galvão, a Pagu, que viveu entre 1910 e 1962, em São Paulo e Santos.
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 Acredito que o Sérgio gostaria que falássemos sobre ela, que assim como ele buscou um ideal. 

















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Ficou em mim a lembrança do grupo teatral Gota, dirigido por Oswaldo Novelli, com quem iniciei o meu amor ao teatro; e ainda ao velho e querido Maranho, talentoso artista da região, que morreu há muito tempo mas ficou na minha memória.
E lembrei também da história daquele menino Jefferson,que fazia teatro em Ourinhos, foi estudar na Escola de Arte Dramática em São Paulo e se transformou em um grande crítico teatral e jornalista. Ele que me empolgou a ler toda a sua  pesquisa sobre a cultura e a história do povo ourinhense. Sem deixar de citar a atriz e professora Rosemeire Alves dos Santos, amizade conquistada na Universidade de Letras em Assis, que encenou sobre a mulher e seu papel na sociedade.O bom é ter a certeza de que sempre existirão os mestres que nos inspiram, como o professor Granja, o diretor Novelli, além do genial Sérgio Nunes. Aqui nosso brinde a todos eles!



A plateia foi composta por jovens e adultos, amigos de infância, parentes e amantes do teatro...

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Mostramos o quanto a sociedade ainda precisa de histórias que nos inspirem e de símbolos que nos façam acreditar em um mundo melhor.

Ao nos alojarmos no Centro Cultural Tom Jobim de Ourinhos, espaço que recebe artistas, músicos e bailarinos, fiquei admirada com a construção e organização do local.A coincidência foi que ao lado ficava a casa onde eu nasci, nosso "Quintal", como dizia minha avó Zenaide Penezi! 



E eu observava  aquelas meninas e meninos,ansiosos à espera do ônibus para apresentação em um Festival de Marília! Fiquei imaginando quantos sonhos se espalhariam por ali! 

Aproveitamos o tempo para tirar fotos também na bela Casa dos Ingleses, onde está situada a Secretaria da Cultura de Ourinhos

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Aqui eu, o ator e produtor Thiery e o diretor Kokochit.

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E, claro, fui mostrar a meus amigos o Lago da FAPI, no Parque Olavo Ferreira de Sá! Sem deixar de lembrar que o Projeto foi do meu saudoso e querido amigo Evandro Eloy, o nosso "Pinga", como era conhecido na adolescência. Ele foi engenheiro e proprietário do Jornal da Divisa, na cidade.

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E é com emoção que penso que sempre haverá pessoas que acreditam e façam as coisas acontecerem, sempre haverá os mestres que nos inspiram e nos ensinam, porque assim a vida segue.
E como dizia o poeta Alberto Caeiro de Fernando Pessoa: "Da minha aldeia vejo o quanto da terra se pode ver do Universo.".


Annete Moreira para o Cult Tur







2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, adorei o texto, as lembranças retratadas e as fotos tb. Bjos

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